Reviveram um lobo extinto? O que está por trás da criação polêmica.

A ciência está brincando de Jurassic Park? Uma empresa promete ter recriado o lendário lobo-terrível, extinto há milênios. Mas especialistas estão com um pé atrás. Híbridos genéticos, DNA de fósseis e muita polêmica: descubra o que realmente está por trás dessa história que parece ficção científica — mas é real.

CIÊNCIA

4/8/20252 min read

Lobo pré-histórico de volta? Nem tanto. Mas parece filme de ficção científica.

Imagina ver um lobo extinto há mais de 10 mil anos ganhando vida novamente? Foi isso que a empresa americana Colossal Biosciences prometeu ao revelar imagens de três filhotes com aparência do famoso "lobo-terrível". Mas... calma. A história é um pouco mais complicada do que parece.

Segundo a empresa, os filhotes nasceram a partir de edições genéticas em lobos-cinzentos modernos, usando fragmentos de DNA recuperados de fósseis. O resultado? Um animal com cara (e tamanho) de lobo-terrível — mas que, segundo especialistas, não passa de um lobo modificado.

Ah, e vale lembrar: a Colossal é a mesma empresa que está tentando "ressuscitar" o mamute-lanoso e já criou até um "camundongo peludo" com genes do gigante do gelo. Sim, parece Jurassic Park. E até o perfil do filme entrou na zoeira, postando no X:
"Não vemos como isso poderia dar errado."

Mas... isso é real mesmo?

Cientistas estão longe de comprar a ideia. Nenhuma das descobertas foi publicada em revista científica, nem passou por revisão de pares. Ou seja: por enquanto, é só marketing.

“Esses não são lobos-terríveis. São lobos-cinzentos com pequenos ajustes”, cravou Corey Bradshaw, ecólogo da Universidade Flinders, na Austrália.

E os tais “ajustes” são cerca de 20 mudanças em 14 genes — em um genoma que tem mais de 19 mil genes. Diferença suficiente pra virar uma nova (velha) espécie? Para os especialistas, não.

DNA de fóssil ainda é um quebra-cabeça incompleto

Outro problema: o DNA fóssil se degrada com o tempo, e até hoje não conseguimos reconstruir o genoma completo de um animal extinto há milênios. Ou seja, por mais empolgante que a ideia pareça, a ciência ainda não chegou lá.

Camundongos peludos também viraram piada na comunidade científica

Os tais “camundongos-lanosos”, feitos com genes de mamutes, também foram alvos de críticas.

“No fim, só temos uns camundongos fofinhos. Não aprendemos quase nada sobre biologia de mamutes com isso”, disse Robin Lovell-Badge, do Instituto Francis Crick, em Londres.

Já o geneticista Stephan Riesenberg, do Instituto Max Planck, foi direto:

“Isso está longe de ser um mamute. É só um camundongo com genes diferentes.”

💡 Resumo da ópera:

A ideia de trazer espécies extintas de volta à vida é fascinante, digna de blockbuster. Mas, na prática, o que temos por enquanto são híbridos modernos com um toque do passado — e muitas dúvidas no ar.

Curiosidade sim. Revolução científica? Ainda não.